quarta-feira, 27 de julho de 2011

Infância


Então, ao som de “Jealous Guy”, resolvi abrir meu baú de infância. Sempre faço isso quando venho a Curvelo. Nunca estraguei nenhum de meus brinquedos. Tenho todos até hoje. Nunca amassei nenhuma das minhas revistas. Tenho todas até hoje.

Não. Eu tinha.

Foi ao som de “Imagine” que descobri que mamãe jogou minha coleção completa de Pokémon Club no lixo.

Minha coleção completa.

Revistas que eu comprava religiosamente de 15 em 15 dias, economizando os trocados que ganhava para a merenda na escola. Páginas que lia e relia sem parar, como se cada vez que as abrisse fosse a primeira vez. Papéis que me ensinaram palvras novas, me ensinavam truques pra ficar foda como caçador Pokémon, que me ajudaram a decorar os nomes das 251 espécies de Pokémon do mundo todo. Portais que me levavam a um mundo fantástico, mágico, cheio de aventuras e possibilidades.

Publicações que me apresentaram os primeiros jornalistas da minha vida. O Pablo Miyazawa escrevia nela, era o editor-chefe. Hoje ele é o editor-chefe da Rolling Stone.

Sinto-me órfão. Minha mãe matou um pedaço de mim hoje.

Os melhores companheiros da minha infância mudaram de bairro. Saíram do país. Foram pra outro planeta. E eu nunca mais vou vê-los.

(...)

O mundo fica um pouco mais sem graça sem os amigos de infância.

Um comentário:

Analu Oliveira disse...

tá bom rafael, agora já era. minha mãe quebrou minha boneca "bebê engatinhando" além de cara era a boneca mais linda que eu tinha! Foda né. chorei! chorei" chorei!