Tudo o que falei pensando

"Eu amava como amava algum cantor de qualquer clichê de cabaré.

Eu amava como amava um pescador, que se encanta mais com a rede que com o mar..."

Eu gosto de você! Não amo. Gosto! Só gosto! Gosto dos seus olhos cor de mel, do seu jeito de rir, do seu jeito de dançar, das suas ancas, da sua voz, da sua alegria, da sua espontaneidade. Eu gosto de você! Não sou muito bom em convenções sociais, eu não falo muito, sou tímido, travado. Mas mesmo se pudesse falar, falar muito, como a Emília do Sítio do Picapau Amarelo, como pobre na chuva, nada que saísse da minha boca seria mais verdadeiro do que um longo abraço, seguido de um doce beijo.

Eu não sei o seu nome completo, não sei por que está na faculdade, não sei onde mora e nem onde trabalha. Não sei de onde vem, quem são seus pais, se você gosta ou não de Beatles. Isso não importa. Agora não. Agora a única coisa que me importa é que eu gosto de você. E quero ficar com você. Colocar a mão em sua cintura, afagar seus cabelos, acariciar seu rosto, rodar o salão com você em meus braços. Senão para sempre, pelo menos hoje, nessa noite chuvosa e caótica, repleta de encontros e desencontros, ao som de uma orquestra a tocar uma música de amor.

Isso era o que eu queria dizer ontem. E não disse.

Mas ainda vou dizer... Para a mesma garota que curtiu Seu Jorge comigo.

O que pesa mais? 100 quilos de chumbo, 100 quilos de pena ou um "Eu gosto de você!" no primeiro encontro?

Eu fico com a terceira opção.