Foi um dia de tédio. Minha melhor ideia, portanto, foi sair por aí e ter com o acaso.
Preparei-me para ele: peguei a camiseta mais amarrotada, a calça de uma semana atrás, sandálias franciscanas (ok, o banho eu tomei, porque aí já é demais). Estava com o figurino perfeito para ele me encarar. Não dizem que o acaso chega quando menos se espera? Pois é. Ao menos, exteriormente, dei toda pinta que não.
Fui andar de ônibus. Mas num sábado, sete da noite, chuviscando fininho, o ônibus parece uma mansão do Magabeiras. Milhões de bancos vazios. Mas sempre tem aquele restinho de esperança no cantil.
Não adiantou. Desci do ônibus sem nenhuma gota de esperança. Desolação.
Entreguei-me ao vício. Fui ao shopping, entrei na loja, peguei os discos, peguei o livro, peguei o CD do Robertão, paguei, saí da loja, saí do shopping, cheguei ao ponto. Já não havia mais nada. Minto. Havia desespero. E, na volta pra casa, em mais um ônibus “mansão do Mangabeiras”, duramente admiti: havia também solidão.
O acaso, figura traiçoeira, sabe ler mentes. Previu que eu o queria. E, de teimoso que é, deu de cócoras. Foi dar com outro desavisado (ou realmente desavisado). Hoje, dia do tédio, até o acaso me ignorou.
O acaso não veio. No seu lugar, a consciência e o arrependimento. Dupla infalível.
Aliás, já perceberam que até os sentimentos andam em par? É que solidão machuca...
- Chega mais, tédio! Aprecia um Roberto Carlos?
3 comentários:
Rafael, o que está acontecendo com você? O que está acontecendo comigo? O que está acontecendo com a gente? O QUE ESTÁ ACONTECENDO, MEU DEUS? O acaso lê mentes e eu também sou prova disso. Ah, e solidão não anda por ai sozinha... solidão é má, machuca, dói e assim como nós precisa de cia pra viver..
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O que você NUNCA vai ter?
Lindo te ler! Saudades e lembranças e novidades capixabas para você: vamos nos encontrar já que a solidão não existe! Por que? Estamos sempre juntos, mesmo quando você não se dá conta, viu? bjos...
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