sábado, 13 de junho de 2009

Última carta aos parisienses

Olá, meu amigo.

Ficamos a vida toda nos perguntar: Se soubéssemos o dia e a hora da nossa morte, qual seria nosso último ato? Talvez fazer algo que nunca teríamos coragem, experimentar o que os nossos valores jamais permitiriam, ou que nossos pais jamais nos perdoassem. Ou então um gesto simples, mas que pudesse salvar o mundo. Mas infelizmente, não são todos que ganham a “graça” dessa descoberta.

Mas eu a ganhei, não sei se por desgraça ou sorte. Tenho 23 anos. E vou morrer esta noite. Meu último ato? Resolvi lhe ajudar, através dessas linhas mal escritas, borradas pelas lágrimas de alguém que não viveu seus dias na Terra como queria. Alguém que experimentou por diversas vezes a dor mais intensa e triste, a dor que não tem remédio, tampouco cura. O amor.

Não quero que termine como eu. Quero que sinta essa dor até seu coração não mais suportar e você ter de gritar da janela do seu quarto, aos quatro ventos, o quanto aquilo está lhe consumindo, e o quanto você deseja ter recostado em seu peito aqueles lindos olhos, aquela pele macia, aqueles cabelos longos, macios, cheirosos. Porque uma vida bem vivida, é aquela que experimenta as duas faces do amor. A dor pela falta da presença da amada, e a alegria regozijante de sentir o calor dos corpos fundido em um só. Essa é a realização plena do amor.

Esqueça regras. Elas não existem. Não existe um porque para essas coisas. Não conseguimos explicar porque uma bela moça se encontra de braços dados na praça com o rapaz mais estranho do colégio. Por quê? Por quê? Porque sim. E isso basta.

As regras só existem para relações casuais, aquelas que o seu coração não está em jogo. Aí valem o doce, o chocolate, as brincadeiras com sextas intenções. Mas quando está diante daquela que faz os seus ossos balançarem sem ter levado nem um empurrão, o chocolate fica amargo, a cabeça não pensa, o corpo não rege aos comandos. Você se torna um completo idiota. E que bom que se torna um idiota! Seria ideal se esse momento pudesse ser registrado pelas lentes de um objeto. Porque você nunca se reconheceria na imagem. “Aquele não era eu!” Mas era. Aquele era seu coração.

É o momento de maior timidez de sua vida. Qualquer piada é engraçada, e qualquer sorriso é capaz de fazer suas bochechas ruborizarem. Ms não deixe essa timidez te dominar. Use-a como aliada. Se você se porta como bobo seja um bobo por completo.

E se você perceber que não conseguirá fazer nada, nem dizer nada belo, nenhuma frase de impacto, e se está muito cedo para dizer “Eu te amo!”, se jogue, coloque-se em perigo. Molhe os lábios, conte até zero, feche os olhos, e encoste-os nas bochechas lisas e rosadas como se quisesse morder um pêssego. Faça-a sentir neste simples beijo todo o amor que você sente. Todo este sentimento incrustado no seu peito e que de jeito nenhum quis ser parido. Faça esse momento ser de grande verdade para seu ser, mesmo que tudo em volta te diga que está vivendo uma mentira. Mesmo que tudo for ilusão. Mesmo que o que estiver sentido seja uma mão única, passe verdade com seu gesto. Procure a carne dos lábios dela. E encoste a carne dos seus. E sinta a vitória! A mais pura e revigorante vitória. Você conseguiu! Realizou o gesto mis íntimo com aquela que você ama. Mais íntimo que esfregões embaixo de cobertas, mais íntimo que relações fogosas em um quarto fechado. Você abriu a porta mais difícil e mais bela da relação. O primeiro beijo.

Se quiser, diga a ela toda a verdade, mesmo achando que está cedo. Ou então esconda. Deixe para outra hora. Aprecie o momento. Pode achar mentira, mas depois do primeiro beijo, o caminho que antes era tortuoso e cheio de pedras, será linear e claro. Você poderá ver o horizonte à frente, com raios de sol batendo em seu rosto. Você quebrou a muralha que te impedia de andar pelo paraíso.

Se tudo der errado, se seu amor for negado, tente de novo! Tente até a exaustão! Tente até seu coração não bombear mais sangue para seus membros. Tente até quando você achar que aquele corpo é sua redenção. Até quando aquele corpo for sua salvação! Até quando achar que aquela é a mulher de sua vida!

Não tenha medo do amor. Ele é uma experiência que você não vai adquirir na sua existência! Você não vai amar mil mulheres. Você amará uma, ou duas, no máximo três. Suas pernas não vão bambear por todo o sempre. Então arrisque. Porque te digo, meu amigo, os piratas correm atrás de recompensas áureas porque nunca amaram na vida. Ou porque sabem que depois da recompensa do amor, finalmente vão encontrar o seu porto seguro.

Enfim, não faça como eu. Vi amores passar pela minha vida como um cavalo branco e sem sela, e deixei todos galoparem para as mãos de cavaleiros hábeis a laçá-los e domá-los, e com eles construírem impérios.

Porque esse... Esse é o motivo de minha morte. Tenho 23 nos, e vou morrer esta noite. De amor.

Um comentário:

Mariana Gonçalves disse...

não morra o.O
ficou muito lindo seu texto de dia dos namorados. é um poerta mesmo
beijos