quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O verdadeiro "eu"

A batalha tinha findado. E a população do vilarejo voltava feliz para casa, pois depois de tanto tempo iam voltar a dormir em camas quentes, comer um farto leitão e fazer amor com suas esposas.

E no meio de tantas cabeças, aparece a de um nenino, com os dentes ainda de fora expressando toda sua fúria. A camisa estava banhada em sangue, igual a espada que se arratsatava no chão, puxada por sua exausta mão direita.

O menino então anda do lado de um velho, que dá um soco em suas costas e grita aos berros:

- Que vitória moleque! Que vitória!

- Sim! Belísssima! Todos achavam que íamos perder meu senhor, e ganhamos! Ganhamos!

- Quantos anos tem, pirralho?

- Dezesseis.

- Dezesseis... Meu Deus, por que entrou nesta peleja? Está na época de brincar, de cortejar donzelas... Por que a espada em punho?

- Porque o meu pai vai ficar orgulhoso em saber que matei três de nossos inimigos! Fiz isso por meu pai!

O velho pára e olha sério para o mancebo:

- Qual foi o motivo da guerra que acabamos de travar, meu jovem?

Uma pausa muito silenciosa se fez, e sem ter respostas:

- Não sei, meu senhor!

- Contra quem lutamos?

- Não sei, meu senhor!

- Por que estamos comemorando tanto?

- ... Também não sei...

- Então você me diz que está com essa espada em punho só por causa de seu pai?

- ... Sim...

- Se está ensanguentado com um sangue que não é seu, se sorri por motivo desconhecido, se não tinha razões para tirar vidas humanas, por que ainda empunha essa espada, garoto?

- ...

- ...

- Porque sou um boçal...

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