Embora estruture minha vida para um dia trabalhar direta ou indiretamente com música, carrego muitos pecados em relação ao tema. Um deles se chama Oasis.
Até 2005, a única música que eu conhecia deles era “Wonderwall”. Pecado? Pois é. Coloca na conta de Curvelo.
Nesse mesmo ano, no curso de publicidade que ensaiei começar, descobri o famigerado MTV Unplugged da banda, aquele em que Liam não apareceu e Noel teve que dar conta do show inteiro (e revelou, pelo menos pra mim, que podia ser o frontman do Oasis sem nenhum problema).
Em outubro de 2008 (!) escutei pela primeira vez Slide Away, do primeiro e mais famoso CD da banda. Me apaixonei de cara pela música de seis minutos (o que é raro, adoro músicas curtas, que cabem na programação de rádio sem que os técnicos precisem fazer cortes horríveis).
Minha mão coçou pra caramba, e não deu outra. Lá estava eu na Leitura do Shopping Cidade para comprar meu primeiro CD do Oasis, Definitely Maybe. Fui correndo pra casa, liguei o computador, ripei o CD e coloquei no MP4. Quando compro um disco, gosto de ouvir ele todo, de uma vez só, sem pular nenhuma música. E de preferência caminhando, pras notas se confundirem com imagens cotidianas, e a música ganhar sentido único e intransferível. Nesse mesmo dia, eu tinha uma festa de aniversário de um menina da minha sala e tinha que levar um presente, já que morria de vontade de conversar com ela, mas como diz o meu texto abaixo, não tenho nenhuma iniciativa. Precisava de algo para impressionar.
Corri para a Discoteca do Diamond, ouvindo Oasis. Rock n’ Roll Star... Fantástica! Shakermaker, Live Forever... Slide Away era a décima... Vai demorar. Cheguei à loja e perdi um bom tempo decidindo entre dois álbuns que achava ser a cara dela. Vanguart ou Marcelo Camelo? Dúvida cruel. Ela parece meio alternativa. Ela tem olhos ausentes. Ok, vai o Sou mesmo.
Cheguei ao ponto do ônibus que me levaria à casa dela. Estava muito nervoso. Eu tremo na base quando sei que vou chegar a um lugar que não conheço ninguém, nem mesmo a anfitriã. Torcia para que ela amasse o CD e começasse a conversar comigo.
O ônibus demorava muito, mais que o normal. E nisso, chegou a tão esperada música. A décima. O centro-avante do álbum. Slide Away. Tenho comigo até hoje a sensação que senti ouvindo aquela música no ponto de ônibus, naquele dia chuvoso. Eu não era só naquela época, mas naquele dia estava só. Desprotegido. Sem ninguém pra começar uma conversa para que eu pudesse entrar de bico e me soltar. Puro e simplesmente só. Era como se caísse uma tempestade dentro de mim. Estava chovendo fora e dentro. Estava triste como sempre fico em dias chuvosos. E aquela música, com sua letra romântica, esperançosa, casou como queijo e goiabada pra o momento. E desde aquele dia sempre que escuto Slide Away, sou levado àquele ponto de ônibus, e chove dentro de mim.
Eu não fui à festa. O ônibus demorou muito, e aquela sensação já tinha feito minha voltinha valer a pena. Peguei o ônibus pra minha casa, desenrolei um papel da jaqueta e escrevi um cartãozinho pra menina, ao som de “Casado com filhos”, a 11ª. música.
O que eu não sabia é que tudo o que fiz naquele dia, um dia se voltaria contra mim. O álbum do Marcelo Camelo abriria as portas de um lugar onde o calor, os choros e os gritos eram insuportáveis. Insuportáveis para um ser humano. Insuportáveis para mim.
E tempos depois, Slide Away se tornou uma sinfonia apocalíptica, a trombeta que veio anunciar o fim.
Sou foi entregue num último horário de faculdade pra uma menina que até então se parecia com um anime francês, com quem eu era louco pra conversar, que me deu um dos abraços mais gostosos, e me passava através de seus olhos ausentes uma alegria incomum, que nunca soube explicar. Algo que sempre quis ter em mim, mas provavelmente nunca virá. Eu nunca mais senti aquela alegria em seus olhos. Mas trago no meu bauzinho um fragmento da sensação.
Quanto ao Marcelo Camelo... Nunca ouvi sequer uma música do meu presente. E nunca vou ouvir. Porque se Slide Away tem cheiro de saudade, Sou deve ter gosto de dor.
Até 2005, a única música que eu conhecia deles era “Wonderwall”. Pecado? Pois é. Coloca na conta de Curvelo.
Nesse mesmo ano, no curso de publicidade que ensaiei começar, descobri o famigerado MTV Unplugged da banda, aquele em que Liam não apareceu e Noel teve que dar conta do show inteiro (e revelou, pelo menos pra mim, que podia ser o frontman do Oasis sem nenhum problema).
Em outubro de 2008 (!) escutei pela primeira vez Slide Away, do primeiro e mais famoso CD da banda. Me apaixonei de cara pela música de seis minutos (o que é raro, adoro músicas curtas, que cabem na programação de rádio sem que os técnicos precisem fazer cortes horríveis).
Minha mão coçou pra caramba, e não deu outra. Lá estava eu na Leitura do Shopping Cidade para comprar meu primeiro CD do Oasis, Definitely Maybe. Fui correndo pra casa, liguei o computador, ripei o CD e coloquei no MP4. Quando compro um disco, gosto de ouvir ele todo, de uma vez só, sem pular nenhuma música. E de preferência caminhando, pras notas se confundirem com imagens cotidianas, e a música ganhar sentido único e intransferível. Nesse mesmo dia, eu tinha uma festa de aniversário de um menina da minha sala e tinha que levar um presente, já que morria de vontade de conversar com ela, mas como diz o meu texto abaixo, não tenho nenhuma iniciativa. Precisava de algo para impressionar.
Corri para a Discoteca do Diamond, ouvindo Oasis. Rock n’ Roll Star... Fantástica! Shakermaker, Live Forever... Slide Away era a décima... Vai demorar. Cheguei à loja e perdi um bom tempo decidindo entre dois álbuns que achava ser a cara dela. Vanguart ou Marcelo Camelo? Dúvida cruel. Ela parece meio alternativa. Ela tem olhos ausentes. Ok, vai o Sou mesmo.
Cheguei ao ponto do ônibus que me levaria à casa dela. Estava muito nervoso. Eu tremo na base quando sei que vou chegar a um lugar que não conheço ninguém, nem mesmo a anfitriã. Torcia para que ela amasse o CD e começasse a conversar comigo.
O ônibus demorava muito, mais que o normal. E nisso, chegou a tão esperada música. A décima. O centro-avante do álbum. Slide Away. Tenho comigo até hoje a sensação que senti ouvindo aquela música no ponto de ônibus, naquele dia chuvoso. Eu não era só naquela época, mas naquele dia estava só. Desprotegido. Sem ninguém pra começar uma conversa para que eu pudesse entrar de bico e me soltar. Puro e simplesmente só. Era como se caísse uma tempestade dentro de mim. Estava chovendo fora e dentro. Estava triste como sempre fico em dias chuvosos. E aquela música, com sua letra romântica, esperançosa, casou como queijo e goiabada pra o momento. E desde aquele dia sempre que escuto Slide Away, sou levado àquele ponto de ônibus, e chove dentro de mim.
Eu não fui à festa. O ônibus demorou muito, e aquela sensação já tinha feito minha voltinha valer a pena. Peguei o ônibus pra minha casa, desenrolei um papel da jaqueta e escrevi um cartãozinho pra menina, ao som de “Casado com filhos”, a 11ª. música.
O que eu não sabia é que tudo o que fiz naquele dia, um dia se voltaria contra mim. O álbum do Marcelo Camelo abriria as portas de um lugar onde o calor, os choros e os gritos eram insuportáveis. Insuportáveis para um ser humano. Insuportáveis para mim.
E tempos depois, Slide Away se tornou uma sinfonia apocalíptica, a trombeta que veio anunciar o fim.
Sou foi entregue num último horário de faculdade pra uma menina que até então se parecia com um anime francês, com quem eu era louco pra conversar, que me deu um dos abraços mais gostosos, e me passava através de seus olhos ausentes uma alegria incomum, que nunca soube explicar. Algo que sempre quis ter em mim, mas provavelmente nunca virá. Eu nunca mais senti aquela alegria em seus olhos. Mas trago no meu bauzinho um fragmento da sensação.
Quanto ao Marcelo Camelo... Nunca ouvi sequer uma música do meu presente. E nunca vou ouvir. Porque se Slide Away tem cheiro de saudade, Sou deve ter gosto de dor.
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