Franja

Venham todos!
Corram pra ver!
E olhem com prazer
A menina que vem ali!
Há pouco tempo era uma mulher,
Vejam só!
E estava bem aqui
Do meu lado,
De cabelo cheio, revoltado,
Distribuindo charme e elegância,
Cantarolando, dando canja...
Mas hoje ela voltou à infância!
A menina, meu Deus,
Tá de franja!

E tá tão diferente,
Tão pequena,
Tão criança,
Tão serena!

E se está assim,
Então deixa!
Deixa a menina brincar,
Deixa a menina pular!
Ela quer é comer doce!
Bala, chiclete, algodão doce.
Quer brincar de ser mãe com sua boneca,
Quer afagar seus cachorros antes da soneca,
E, no sono, quer passear a cavalo,
Na garupa do seu príncipe encantado!
A menina quer namorar,
Quer dar o primeiro beijo,
Com sabor de goiabada com queijo...

A menina quer amar...
A menina quer amor!
A menina quer dar canja!
A menina, meu Deus,
Tá de franja!

Venham todos!
E venham ávidos!
A menina é serelepe,
E o tempo
......
Passa rápido...

A chuva vai chegar,
A franja vai sumir,
A boneca ela vai guardar,
A caneta e o papel assumir,
A responsabilidade vai aparecer,
A testa vai franzir,
E os amores esquecer...

E desse dia em diante,
Toda a encantada vizinhança
Vai se encher de esperança,
Para novamente um dia,
Ver a menina sonhar,
Ver a menina dar canja, meu Deus!
Ver a menina de franja!